Sagan foi um grande cientista, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e divulgador científico norte-americano; autor de mais de 600 publicações cientificas e 20 livros de ciência e ficção científica.
Defensor do ceticismo, o ceticismo é um estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente. Um indivíduo cético caracteriza-se por ter predisposição constante para a dúvida, para a incredulidade. É um sistema filosófico fundado pelo filósofo grego Pirro (318 a.C.-272 a.C.), que tem por base a afirmação de que o homem não tem capacidade de atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico.
Assim como Sagan o cético questiona tudo o que lhe é apresentado como verdade e não admite a existência de dogmas, fenômenos religiosos ou metafísicos.
Por essas e outras características que fui tomada pela vontade de começar a questionar a vida e tudo o que nela existe, e me tornei uma grande fã de Carl Sagan e pela forma como ele via a vida, os seres humanos e tudo o mais.
Sagan é conhecido por seus livros de divulgação científica e pela premiada série televisiva de 1980 Cosmos: Uma Viagem Pessoal, que ele mesmo narrou e co-escreveu.
Carl Sagan nasceu no Brooklyn, Nova Iorque, em uma família de judeus ucranianos. Seu pai, Sam Sagan, era um operário da indústria têxtil nascido em Kamenets-Podolsk, Ucrânia. Sua mãe, Rachel Molly Gruber, era uma dona de casa de Nova Iorque. Ele tinha também uma irmã, Carol que ambos concordavam que seu pai não era especialmente religioso, porém sua mãe “definitivamente acreditava em Deus.
A personalidade de Sagan foi o resultado de suas estreitas relações com ambos os pais, que eram às vezes opostos um do outro.
Sua mãe teria sido uma mulher que cresceu em meio a extrema pobreza enquanto criança, e sem-teto em meio a cidade de Nova Iorque durante a Grande Guerra e a década de 20. Ela tinha também suas próprias ambições intelectuais quando era jovem, mas estes sonhos foram bloqueados por restrições sociais, principalmente por causa de sua pobreza, e por ter se tornado mãe e esposa, além de sua etnia judaica. O biografo Davidson observa que ela, portanto, “adorava seu único filho, Carl. Ele iria realizar seus sonhos não realizados”.
Seu “sentimento de admiração” veio de seu pai, que quieto e sorrateiramente escapou do Czar. Em seu tempo livre, este dava maçãs aos pobres, ou ajudava a suavizar as tensões entre patrões e operários na tumultuada indústria têxtil de Nova Iorque. Ainda que intimidado pelo brilhantismo de Carl, por suas infantis perguntas sobre estrelas e dinossauros, Sam ajudou a transformar a curiosidade de seu filho em parte de sua educação. Em seus últimos anos como cientista e escritor, Sagan frequentemente desenhava sobre suas memórias de infância para ilustrar questões científicas, como fez em seu livro ”Sombras dos Antepassados Esquecidos” , ele descreve a influência dos seus pais em seu pensamento:
- ”Meus pais não eram cientistas. Eles não sabiam quase nada sobre ciência. Mas ao me introduzirem simultaneamente ao ceticismo e ao saber, ensinaram-me os dois modos de pensamento coexistentes e essenciais para o método científico.”
No seu livro ” O mundo assombrado pelos Demônios”, Sagan recorda de quando em 1939 foi levado pelos seus pais na 1939 world’s fair ( feira mundial de 1939), em Nova Iorque, ele viu uma exposição chamada “America of Tomorrow” (América do Amanhã): O mapa continha belas estradas e alguns poucos carros da General Motors, todas as pessoas caminhando, e ao fundo vários arranha-céus, edifícios lindos, segundo ele, aquele momento estava ótimo! Em outras exposições, lembrou de ter visto uma lanterna brilhar em uma célula fotoelétrica. Ele também testemunhou a tecnologia do futuro da mídia que iria substituir o rádio: A televisão! Sagan escreveu:
- Claramente, o homem realizou maravilhas de um modo que eu nunca tinha imaginado. Como poderia um tom tornar-se uma imagem e luz tornar-se um ruído?
Ele também conta que viu um dos eventos mais divulgados da feira, o enterro de uma cápsula do tempo em Flushing Meadows, que continha algumas lembranças da década de 1930 para serem recuperadas por descendentes dos humanos em um futuro milênio. “As cápsulas do tempo sempre excitaram Carl” escreve o biógrafo Keay Davidson. Quando adulto, Sagan e seus colegas criaram algumas cápsulas do tempo similares, mas estas foram enviadas para o espaço. Estas cápsulas citadas são a placa Pioneer e o Voyager Golden Record, que foram produto da experiência de Sagan na exposição.
Quando iniciou o ensino fundamental, Sagan começou a manifestar sua curiosidade pela natureza. Sagan recorda-se de suas primeiras viagens para a biblioteca pública, sozinho, com a idade de cinco anos, quando sua mãe arranjou-lhe um cartão da biblioteca. Ele queria aprender o que eram as estrelas, já que nenhum de seus amigos ou até mesmo seus pais não sabiam lhe dar uma resposta clara:
- “Fui para o bibliotecário e pedi um livro sobre as estrelas… E a resposta foi impressionante. A resposta era que o Sol também era uma estrela, só que muito próxima. Logo, as estrelas eram outros sóis, mas estavam tão distantes que eram apenas pequenos pontos de luz para nós… A escala do universo de repente se abriu para mim. Era um tipo de experiência religiosa. Houve uma magnificência para ela, uma grandeza, uma escala que nunca me deixou. Nunca me deixará…”
Aos 6 ou 7 anos de idade ele e um amigo viajaram para o Museu Americano de História Natural, na cidade de Nova York. Enquanto estavam por lá, eles foram ao Planetário Hayden e andaram na exposição sobre objetos do espaço, como os meteoritos, e também foram às exposições de dinossauros e outros animais em seus ambientes naturais. Ele escreveu sobre estas exposições:
- “Eu era fascinado por representações realistas de animais e seus habitats em todo o mundo. Pinguins no gelo antártico mal iluminado; uma família de gorilas, com o macho tamborilando no peito; um urso-cinzento americano de pé em suas patas traseiras, com seus dez ou doze pés de altura, fitando-me direto no olho.”
Sagan escreve : “O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida.”
E é isso o que mais me admira, sua inquietante vontade de questionar tudo o que existe.
Sagan Morreu aos 62 anos, Seattle, 20 de dezembro de 1996 de pneumonia, depois de uma batalha de dois anos com uma rara e grave doença na medula óssea.
Carl Sagan foi muito mais do que um mero mortal, foi um grande homem que com uma grande sabedoria foi capaz de questionar, estudar e ensinar para aqueles que quisessem aprender além do que estava escrito nos livros sagrados e nas apostilas das escolas. Para ele o universo era um mistério que ansiava por ser descoberto e as superstições eram obstáculos criados para interromper a evolução e o progresso humano. Ele escreve que nós seres humanos somos uma espécie rara por estarmos vivos e porque podemos pensar dentro de nossas possibilidades. Segundo Carl, temos o privilégio de influenciar e talvez controlar o nosso futuro. Ele acredita que temos a obrigação de lutar pela vida na Terra – não apenas por nós mesmos, mas por todos aqueles, humanos e de outras espécies, que vieram antes de nós e a quem devemos favores, e por todos aqueles que, se formos inteligentes, virão depois de nós.
” Não há nenhuma causa mais urgente, nenhuma tarefa mais apropriada do que proteger o futuro de nossa espécie. Quase todos os nossos problemas são provocados pêlos humanos e podem ser resolvidos pêlos humanos. Nenhuma convenção social, nenhum sistema político, nenhuma hipótese econômica, nenhum dogma religioso é mais importante. ”
Graças ao trabalho de Carl, acredito que hoje o mundo caminha ao rumo da paz que tanto esperamos e queremos, novos horizontes nos foi apresentado por ele, horizontes esses que podemos alcançar. Graças a ele é que podemos humildemente ver e entender nossa posição e insignificância perante à esse infinito e gigantesco Universo.
Ele acredita que nós somos capazes de tudo, até de fazer magia: UM LIVRO É A PROVA DE QUE OS SERES HUMANOS SÃO CAPAZES FAZER MAGIA.
“Que coisa espantosa é um livro. É um objeto achatado feito a partir de uma árvore, com partes flexíveis em que são impressos montes de rabiscos escuros engraçados. Mas basta um olhar para ele e você está dentro da mente de outra pessoa, talvez alguém morto há milhares de anos. Através dos milênios, um autor está falando claramente e em silêncio dentro de sua cabeça, diretamente para você. A escrita é talvez a maior das invenções humanas, unindo pessoas que nunca se conheceram, cidadãos de épocas distantes. Livros rompem as amarras do tempo. Um livro é a prova de que os seres humanos são capazes de fazer magia.”
— No episódio ”A Persistência da Memória”, décimo primeiro da série Cosmos: A Personal Voyage em 1980.
O que escrevi neste post sobre Carl é pouco perto do que ele foi e representa para mim. Fico feliz de compartilhar isso com meus leitores e compartilhar um pouco da pessoa que me inspira todos os dias, e a pessoa que me leva a acreditar em nós seres humanos mesmo quando pareça impossível.
”Durante toda a sua vida, estudara o universo, mas desprezara sua mais clara mensagem: para criaturas tão pequenas como nós, a vastidão só é suportável através do amor.” — No livro Contato, de 1985.
Karen Padilha